Fundamentos para uma startup de sucesso
Dando seguimento à divulgação das ideias de Paul Graham sobre startups (o primeiro ensaio foi “A Startup Conceitual” - www.navi.com.ai/post/a-startup-conceitual), toma-se de sua palestra na Harvard Computer Society a exigência de três fundamentos para uma startup de sucesso: pessoas qualificadas, um objeto desejado pelas pessoas e um custo reduzido para inicialização. Estes fundamentos devem estar presentes na ideia da startup, especialmente na forma de ganhar dinheiro oferecendo algo melhor do que se tem no momento.
Isso, contudo, é apenas um ponto de partida, pois o valor da “boa” ideia é, em verdade, o valor das “boas” pessoas que estão pensando como realizá-las. Se há “pessoas boas”, com as qualidades, a inteligência e a obstinação exigidas para o negócio, inclusive a “ideia má” poderá ser salva. Como demonstrou Graham, não por acaso as startups começam nas universidades, porque é onde as pessoas com perfil para estas iniciativas se encontram, ou seja, sem um recrutamento específico, mas com um conhecimento mútuo sobre o potencial e a capacidade de trabalho de cada fundador (em geral, dois a quatro fundadores, pois se precisa de unidade de
pensamento e atuação) – “apenas trabalhe nas coisas que você gosta com as pessoas que você admira” (www.paulgraham.com/start.html).
Em relação ao produto, há de se fazer algo que os clientes desejam; a única maneira para atingir esse objetivo, para Graham, é colocar um protótipo na frente dos clientes e melhorá-lo com base nas reações destes. Sendo possível inclusive fazê-lo consultando-os sobre o que precisam, em geral clientes menores: se estes forem usuários inteligentes, ouvi-los será a melhor forma de aprimoramento.
Em relação ao dinheiro, a startup necessita de capital inicial, pois nem toda iniciativa possui recursos próprios para pagar as despesas enquanto desenvolve um protótipo. Neste momento inicial, os investimentos são feitos por pessoas denominadas "anjo". Alguns dos “anjos” que possuem experiência técnica ou de negócio podem auxiliar no desenvolvimento para um estágio posterior, o de um plano de negócios ou uma descrição do que se pretende, juntamente com o currículo dos fundadores. Se no estágio inicial os investidores fazem aporte em formato de mútuo, a rodada seguinte de financiamento poderá envolver empresas de capital de risco (Venture Capital), mais interessados, conforme Graham, nas pessoas do que nas ideias, quando então além de um dinheiro de maior expressão são aportados conexões e conselhos. Outrossim, tais investimentos não podem ser consumidos pelos fundadores (este dinheiro não é receita), sendo necessário que deva ser usado restritivamente, para melhorar o produto e agradar os usuários ao invés de tão somente pagar publicidade, já que um crescimento consistente é mais bem avaliado – “quanto mais lentamente você utilizar seu financiamento, mais tempo terá para aprender” (www.paulgraham.com/start.html).
Enfim, os fundamentos de Graham podem ser sintetizados no título do filme de Spike Lee: faça a coisa certa e então o que é “certo” terá maior probabilidade de acontecer.
Por: Corálio Pedroso (Mestre em Direito e especialista em Direito Internacional Econômico)
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